sábado, 19 de fevereiro de 2011

TERROR "Ser assaltante ou terrorista é uma condição que enobrece qualquer homem honrado"

CAPÍTULO VIII - ALN - CARLOS MARIGHELA, O IDEÓLOGO DO TERROR
Pela editoria do site

AVERDADE SUFOCADA

Carlos Marighela nasceu em Salvador, Bahia, em 05/12/1911. Sua trajetória revolucionária remonta à década de 30. Em 1932 ingressou na Juventude Comunista e na Federação Vermelha dos Estudantes. Participou ativamente da Intentona Comunista. Em 1936 abandonou o curso de engenharia e, cumprindo ordens do partido, foi para São Paulo reorganizar o Partido Comunista Brasileiro - PCB.

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Em 1939, foi preso pela terceira vez e encaminhado para Fernando de Noronha. Na prisão, dava aulas de formação política aos detentos.

Em 1945, a anistia, assinada por Vargas, devolveu a liberdade aos presos políticos. Marighela, nesse ano, foi eleito deputado federal. No governo Dutra o Partido Comunista voltou à ilegalidade e passou a agir clandestinamente. Em 7 de janeiro de 1948, os mandatos dos parlamentares do PCB foram cassados.

Na clandestinidade, de 1949 até 1954, Marighela atuou na área sindical, aumentando a influência do partido, sendo incluído na Comissão Executiva e no Secretariado Nacional, órgãos dirigentes do PCB.

No Manifesto de Agosto de 1950, Marighela já pregava a luta armada, conduzida por um Exército de Libertação Nacional. Como membro da Executiva chefiou a primeira delegação de comunistas brasileiros à China, em 1952. Ao voltar, passou a trabalhar as massas para preparar a futura revolução brasileira no país. Insistiu na tese da luta armada e na formação de um exército de libertação nacional, tendo como modelo as idéias de Mao Tsé-tung e o Exército Popular Chinês, que promoveu a revolução de 1949.

O passo seguinte seria a penetração no meio estudantil. Para isso, Marighela infiltrou-se, por meio de contatos, na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, onde doutrinava professores e alunos. As sementes estavam sendo semeadas, era só aguardar a colheita.

A influência da revolução cubana, que passou a servir de modelo para muitos comunistas, contrariava as posições do Movimento Comunista Internacional e do próprio PCB, mas encantava revolucionários antigos, como Marighela e outros que, atuando desde a década de 30, não viam como conquistar o poder com uma luta de longo prazo. A tática de Fidel e Che Guevara, defensores da estratégia foquista – pequenos focos guerrilheiros -, passou a ser o modelo ideal para o Brasil.

Após a Contra-Revolução de 1964, Marighela foi preso em um cinema, no Rio de Janeiro. Solto por um habeas-corpus, impetrado por Sobral Pinto, passou a pregar abertamente a adoção da luta armada, doutrinando operários e estudantes.

Em julho de 1967, foi convidado, oficialmente, para participar da 1ª Conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), onde se discutiria um caminho para a difusão da luta armada no continente.

Desautorizado pelo partido e contrariando as linhas de ação adotadas pelo PCB, Marighela embarcou para Havana com passaporte falso. O evento reuniu revolucionários do mundo inteiro. Na ocasião, o slogan era “Um, dois, três, mil Vietnames”, outro exemplo de guerrilha que dera certo.

Estando Marighela em Havana, o PCB enviou um telegrama desautorizando sua participação e ameaçando-o de expulsão.

Em resposta ao telegrama, em 17 de agosto de1967, Marighela enviou uma carta ao Comitê Central do PCB, rompendo definitivamente com o partido. Em seguida, em outra carta, deu total apoio e solidariedade às resoluções adotadas pela OLAS. Nesse documento ele escrevia:

“No Brasil há forças revolucionárias convencidas de que o dever de todo o revolucionário é fazer a revolução. São estas forças que se preparam em meu país e que jamais me condenariam como faz o Comitê Central só porque empreendi uma viagem a Cuba e me solidarizei com a OLAS e com a revolução cubana. A experiência da revolução cubana ensinou, comprovando o acerto da teoria marxista-leninista, que a única maneira de resolver os problemas do povo é a conquista do poder pela violência das massas, a destruição do aparelho burocrático e militar do Estado a serviço das classes dominantes e do imperialismo e a sua substituição pelo povo armado.”

Terminada a conferência, Marighela ficou alguns meses em Cuba com a certeza do apoio de Fidel a um foco guerrilheiro no Brasil. Em fins de novembro foi expulso do PCB.

De volta ao Brasil, incentivou a prática de assaltos, seqüestros e atentados a bomba. Numa audaciosa ação, seus asseclas ocuparam a Rádio Nacional no Rio de Janeiro, onde colocaram uma gravação no ar, conclamando os revolucionários do Brasil, onde quer que estivessem, a iniciar as ações revolucionárias.

Logo depois, a partir de setembro de 1967, Marighela iniciou o envio de militantes para curso de guerrilha em Cuba. Na primeira leva - o chamado “I Exército da ALN” - seguiram: Adilson Ferreira da Silva (Miguel); Aton Fon Filho (Marcos); Epitácio Remígio de Araújo (Júlio); Hans Rudolf Jacob Manz (Juvêncio ou Suíço); José Nonato Mendes (Pele de Rato ou Pará); Otávio Ângelo (Fermin); Virgílio Gomes da Silva (Carlos).

Marighela criou, juntamente com Joaquim Câmara Ferreira, o Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP). O AC/SP ou “Ala Marighela” expandia-se e atuava em vários estados. As idéias de Marighela encontram no meio estudantil campo fértil. Em pouco tempo, a Ala ganhou adeptos e várias lideranças surgiram durante as agitações do movimento estudantil. Logo depois, estabeleceu contato com Mário Roberto Zanconato, líder do Grupo Corrente em Minas Gerais. Em Brasília, Flávio Tavares, que já conhecia Marighela, apresentou um membro da Corrente, “Juca”, a George Michel Sobrinho, que passaria a ser o contato do AC/SP com os grupos de Brasília. A partir daí, o movimento estudantil de Brasília passou a agir pelas normas de Marighela.

Esse grupo, ainda em 1968, realizou treinamento de guerrilha (tiros de revólveres e metralhadora INA e experiências com explosivos) nas proximidades do Rio São Bartolomeu. O AC/SP atuava também no Ceará e em Ribeirão Preto.

Outras adesões viriam. No convento dos dominicanos, na Rua Caiubi, nº 126, no bairro de Perdizes, São Paulo, vários religiosos aderiram ao AC/SP. A adesão dos dominicanos ao AC/SP e depois à ALN foi total. Eles seriam um apoio importante para a ALN na guerrilha urbana e rural.

Luís Mir, em seu livro A Revolução Impossível, Editora Best Seller, página 299, transcreve as seguintes palavras de Frei Lesbaupin que confirmam a intenção desse apoio:

"A Igreja e os dominicanos deveriam entrar no projeto revolucionário de forma organizada. Seríamos a linha de apoio logístico para a guerrilha rural. Na cidade, esconderíamos pessoas, faríamos transferências de armas e dinheiro.”

Em meados de 1968, receberam a primeira missão dada por Marighela: levantamento na Belém-Brasília, procurando áreas estratégicas para instalar focos de guerrilha.

Marighela pregava:

“O princípio básico estratégico da organização é o de desencadear, tanto nas cidades como no campo, um volume tal de ações, que o governo se veja obrigado a transformar a situação política do País em uma situação militar, destruindo a máquina burocrático- militar do Estado e substituindo-a pelo povo armado. A guerrilha urbana exercerá um papel tático em face da guerrilha rural, servindo de instrumento de inquietação, distração e retenção das forças armadas, para diminuir a concentração nas operações repressivas contra a guerrilha rural.”

"O terrorismo é uma arma a que jamais o revolucionário pode renunciar"

"Ser assaltante ou terrorista é uma condição que enobrece qualquer homem honrado"

Apoiado pela chegada do “I Exército da ALN”, treinado em Cuba, Marighela liderou vários assaltos e atentados na área de São Paulo, ainda em 1968. Intensificaram-se a seguir os atos de terror: atentados a bomba, assaltos a banco, seqüestros, assassinatos, “justiçamentos”, ataques a sentinelas e radio-patrulhas, furtos e roubos de armas dos quartéis.

Em 1969, Marighela difundiu o Minimanual do Guerrilheiro, de sua autoria, que passou a ser o livro de cabeceira dos terroristas brasileiros. O livreto foi traduzido em duas dezenas de idiomas e usado por terroristas do mundo inteiro. As Brigadas Vermelhas, na Itália, e o Grupo Baader-Meinhoff, na Alemanha, seguiam seus ensinamentos.

Claire Sterling, em seu livro, A Rede do Terror - A Guerra Secreta do Terrorismo Internacional, editora Nórdica, referiu-se à importância do Minimanual de Marighela em várias páginas de sua obra. Desse livro, transcrevo alguns textos onde ela se refere ao Minimanual:

“... não matam com raiva: esse é o sexto dos sete pecados capitais contra os quais adverte expressamente o Minimanual de Guerrilha Urbana de Carlos Marighela, a cartilha-padrão do terrorista. Tampouco matam por impulso: pressa e improvisação o quinto e sétimo pecados da lista de Marighela. Matam com naturalidade, pois esta é “a única razão de ser de um guerrilheiro urbano” segundo reza a cartilha. O que importa não é a identidade do cadáver, mas seu impacto sobre o público.”

“... em primeiro lugar, escreveu Marighela, o guerrilheiro urbano precisa usar a violência revolucionária para identificar-se com causas populares e assim conseguir uma base popular. Depois:

O governo não tem alternativa exceto intensificar a repressão. As batidas policiais, busca em residências, prisões de pessoas inocentes tornam a vida na cidade insuportável. O sentimento geral é de que o governo é injusto, incapaz de solucionar problemas, e recorre pura e simplesmente à liquidação física de seus opositores.”

Morte de Marighela

Marighela começou a cair com a prisão de um militante de sua organização, preso no dia 1º de outubro. Os dados fornecidos por ele coincidiam com informações prestadas por outro militante da VPR, que, em março, denunciara a participação de Frei Carlos Alberto Libânio Christo (Frei Beto), da Ordem Dominicana, como integrante da organização terrorista.

Marighela foi morto na noite do dia 4 de novembro de 1969, dentro de um carro, na Alameda Casa Branca, zona nobre de São Paulo.

O convento dos dominicanos protegia também membros de outras organizações clandestinas como a VPR, o MR-8 e a ALN. Marighela os usava como contatos. Os dominicanos marcavam encontros em lugares preestabelecidos, em “pontos” (contatos) na Alameda Casa Branca. Faziam parte do esquema o Frei Fernando de Brito e o Frei Ives do Amaral Lesbaupin.

Suspeitas sobre o convento puseram-no em observação. O telefone do mesmo passou a ser monitorado.

Frei Fernando e Frei Ivo foram ao Rio e combinaram, por telefone, um encontro. Ao comparecerem ao “ponto” foram presos. Interrogados, entregaram o esquema dos “pontos” marcados por Marighela. Os contatos eram feitos por meio de ligações telefônicas para Frei Fernando, na livraria Duas Cidades em que ele trabalhava, usando a senha: “Aqui é da parte de Ernesto. Esteja hoje na gráfica”.

Frei Fernando foi levado pela polícia à livraria para aguardar o telefonema. Na hora marcada, o telefone tocou e Frei Fernando atendeu, ouviu a senha e confirmou o “ponto” que seria às 20 horas, na altura do nº 800 da Alameda Casa Branca.

O dispositivo para prender Marighela foi armado. Homens escondidos nos edifícios em construção e numa caminhonete observavam tudo. Do outro lado da rua, o delegado Fleury fingia namorar. Mais adiante, outro casal também “namorava”. No lugar certo, o Fusca de sempre, com os dois frades dentro.

Pouco antes da hora, um homem passou devagar, examinando o local. A polícia o identificou como sendo Edmur Péricles Camargo, mas o deixou passar.

Na realidade, não era Edmur e sim Luís José da Cunha (Crioulo), que dava cobertura a Marighela. A polícia preferiu esperar o peixe maior.

Marighela chegou pontualmente às 20h00, dirigiu-se ao Fusca e entrou na parte traseira. Frei Ives e Fernando saíram rapidamente do carro e se jogaram no chão. Percebendo a emboscada, imediatamente reagiu à prisão e foi morto.

Marighela seguiu as normas de seu manual. Portava um revólver e levava duas cápsulas de cianureto.

Na ocasião, em meio a intenso tiroteio, morreram também a investigadora Stela Morato e o protético Friederich Adolf Rohmann, que passava pelo local do tiroteio. O delegado Tucunduva foi ferido gravemente. Marighela foi morto na noite do dia 4 de novembro de 1969, dentro de um carro, na Alameda Casa Branca, zona nobre de São Paulo.

Ele usava identidade falsa em nome de Mário Reis Barros, expedida pelo Instituto Pereira Faustino, do Estado do Rio de Janeiro.

Acabava assim Marighela, mas seus seguidores continuaram a agir segundo seu Minimanual, que aterrorizou o Brasil e o mundo.

Em 1996, um dossiê da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos do Ministério da Justiça contestou a versão oficial de sua morte e homologou a decisão de conceder o pagamento de indenização à sua viúva, Clara Charf. Para a comissão prevaleceu a justificativa de que Marighela teria sido abatido com um tiro no peito, à queima roupa.

Primeiro, não é viável que o delegado Fleury perdesse a oportunidade de prender Marighela, para interrogá-lo, deixando que o executassem. Segundo, é fantasioso que, para confirmar a versão do tiroteio, tivessem assassinado a investigadora, o protético e ferido gravemente o delegado. Se Marighela foi morto à queima roupa, por que o tiroteio?

Esse “herói”, que a esquerda venera em prosa e verso, é nome de Rua no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Rio Grande do Sul e de viaduto em Belém do Pará. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) mantém no Acampamento 26 de Março, em Marabá, no Pará, a Escola Carlos Marighela.

Em Pinar del Rio, Cuba, em 1973, foi inaugurada uma escola com seu nome.

O arquiteto Oscar Niemeyer projetou o Memorial Carlos Marighela, a ser construído pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, no bairro proletário de Santa Bárbara, Niterói, onde militantes comunistas se reuniam, na clandestinidade, provavelmente para organizar suas ações.

Para relembrar os 35 anos da morte de Marighela foi re-inaugurado em São Paulo, em 2004, um marco na Alameda Casa Branca, 815, local onde morreu. Tudo isso com o dinheiro do contribuinte, que, desinformado, assiste a tudo passivamente.

O Minimanual de Marighela é a prova da selvageria e do desprezo pelo ser humano, na insana perspectiva de que os fins justificam os meios.

Joaquim Câmara Ferreira ("Toledo") foi surpreendido com a morte de Marighela quando estava em Paris, a caminho de Cuba, hospedado na casa de Aloysio Nunes Ferreira (que viria a ser Ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso nos anos de 2001 e 2002).

A fim de auxiliar o soerguimento e a continuidade das ações, foram deslocados do Rio de Janeiro para São Paulo Carlos Eugênio Coelho Sarmento da Paz (" Clemente") e Ana Burnsztyn.

Apesar da grande perda para a subversão e o terrorismo, a Aliança Libertadora Nacional (ALN) se reergueria sob o comando de “Toledo”, segundo homem na hierarquia da organização e continuaria sua trajetória de crimes.

Fontes:
- Projeto Orvil.

- USTRA, Carlos Alberto Brilhante. A Verdade Sufocada- A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça - 4ª edição

Leia o

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