segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

MÍRIA LEITÃO. Cópia da carta enviada à Jornalista Míriam Leitão de O Globo

Cópia da carta enviada à Jornalista Míriam Leitão de O Globo , que em sua coluna em 11 de junho de 2002, gratuitamente, tentou enxovalhar os militares.

17 de junho de 2002
Dona Míriam,

Em primeiro lugar quero lhe dizer que enviarei cópia desta carta às 26.634 pessoas que fazem parte das minhas listas, com a recomendação para que difundam.

No dia 11 de junho de 2002 a sra. teve a audácia de mandar à publicação um artigo em que começa dizendo, a propósito da emoção que lhe causou a morte do jornalista Tim Lopes: "Houve um tempo terrível em que um dos nossos, Vladimir Herzog, foi julgado, torturado e morto pelos ditadores. Agora, Tim é julgado, torturado e morto pelos novos ditadores." E mais adiante a sra, se queixa da perda de território "para outras autoridades não eleitas".

Em primeiro lugar eu e milhares de pessoas nos sentimos profundamente ofendidos por causa da sua afirmação leviana. Há quase meio século atrás, Herzog não foi nem julgado nem torturado nem morto por ditador algum. Nenhum dos militares a quem foram atribuídos postos de comando em qualquer parcela do Poder nacional, a partir da revolução de 64, fez qualquer coisa que se parecesse com isto e esta afirmação é uma infâmia.

Conheço alguns canalhas; poucos, todavia, com cara de pau suficiente para assegurar um fato que sabe ser mentira, para induzir a opinião pública a manter uma atitude de animosidade contra uma instituição permanente da nação brasileira, que são as suas forças armadas.

Se a sra. quis referir-se aos titulares do Governo, a partir do marechal Castello Branco até o General Figueiredo como os "ditadores" capazes de cometer tais deslizes de conduta, isto foi uma atitude de hostilidade gratuita contra a própria nação de que se queixa nada fazer para defender o "território". E devo alertá-la de que a sra.acaba de se colocar na mesma companhia do sr. Elias Maluco porque (como ele) também a sra.não foi eleita e não recebeu mandato algum para enxovalhar a honra alheia, principalmente dos membros de uma classe respeitada como são as forças armadas nacionais. Fazer uma comparação deste porte é uma ignomínia e degrada não os militares, porque a população faz deles um juízo bem diferente do seu, mas principalmente a pessoa que se rebaixa a este nível de ódio e despeito.

Lendo e relendo o seu artigo, não consigo vislumbrar o que a sra.ganha ao conspurcar a honra alheia num veículo de grande circulação como é O Globo. Se a sra. Pretendeu referir-se como ditadores a todos os militares que ocuparam algum posto de comando naquele período da História do Brasil, isto foi uma infantilidade mesquinha e velhaca, que merece ser desmascarada. A sra. não há de imaginar que é tão poderosa e imune a críticas que possa - sem mandato algum, repito - arvorar-se em juíza da História, reescrevendo-a segundo a fantasia dos seus sonhos e a insanidade e o delírio das suas elocubrações ideológicas. Portanto, ao decidir dizer o que estava com vontade, dá-me o pleno direito de reagir em igual nível.

Alguns meses após a instauração do governo Castelo Branco a situação política já se acalmara e tendia a um desfecho institucional, quando os "seus" amigos, obedecendo a orientação soviética, decidiram (no Congresso do Partido Comunista do Brasil) continuar em estado de guerrilha institucional apelando para o terrorismo, que foi o grande saldo negativo dos anos da Guerra Fria. Aqueles tristes anos, levaram os povos do planeta a se dividirem entre uma influência e outra e geraram conflitos absurdos, insensatos. É uma pena que a sra. tenha faltado a esta aula.

Contudo, o seu caso não é de todo perdido porque a sra. aprendeu outras coisas além de saber conjugar perfeitamente verbos como caluniar, ofender e denegrir. Se a sua professora lhe houvesse ensinado, além destes verbos, algumas atitudes como não mentir, teria sido mais fácil a sra. admitir que o povo brasileiro, em 1964, tomou um rumo e exigiu, pelas ruas do país, a deposição do presidente Goulart, o que foi acatado pelas forças armadas. Este mesmo povo (que a senhora finge que nunca existiu embora saiba que ele estava lá) foi o que em 1992 obrigou outro presidente a descer a rampa do palácio. Só que o povo que depôs Collor, que fez as Diretas Já e levantou-se para tantas outras coisas, só tem sido visto pelos seus olhos quando caminha na mesma direção para onde o seu nariz a leva e o corporativismo deixa.

Não tendo eu nenhum vínculo com as forças armadas, estou à vontade para declarar à sra. que retribuo o profundo ódio que a sra. tem pelo seu país, demonstrado na opção ideológica, no ódio por determinadas classes sociais que instiga à luta (como faz também no seu artigo absurdo), na concepção maniqueísta do mundo, e no pouco espaço que sobrou no seu cérebro para o livre exercício de pensar por si própria. Sinto muito, foi a sra. que pediu e alguém tinha de lhe dizer isto, com toda a franqueza.

A sua diatribe poderíamos atribuí-la a uma diarréia mental. Se eu dissesse isto, mesmo reconhecendo que a sra. ultrapassou o limite e aviltou o seu papel de jornalista, estaria aceitando um debate no esgoto, lugar em que não sou habitual freqüentador e onde teria desvantagens notórias. Prefiro outro tipo de arena. Quero saber como a sra. Tem a audácia de comparar os "novos ditadores" (estes sim, bandidos comuns, facínoras, assassinos cruéis, traficantes) a altas patentes militares. Não há registro da História dos governos militares a partir de 1964, de relação delituosa destes que a sra. chama de "ditadores", seja em relação à probidade administrativa seja em relação a maus tratos a presos. A tortura nunca foi estimulada, consentida ou praticada pelos "ditadores" militares. A prova disto está nos muitos processos levados à conclusão, condenando diversas pessoas (estas sim, degeneradas, psicopáticas e portadoras de sérios desvios de conduta), como as que labutam em todas as profissões, mesmo entre os "seus" jornalistas (ainda hoje um deles está indo a júri por um crime torpe). Está bem, já sei que a senhora também não foi à esta aula mas devia informar-se antes de dizer asneiras.

Então, por causa das suas repetidas faltas às aulas de História (real) do Brasil, Ética e Educação Moral e Cívica (aquela matéria onde se ensinavam as virtudes do caráter e da verdade, por exemplo), acho inútil recomendar alguma leitura mais séria do que esta carta. Mas devo recordar-lhe que foram os "seus" amigos comunistas que me seqüestraram duas vezes, uma das quais para que eu não votasse no Congresso da UNE, a "democrática" UNE que no começo dos anos 60 ganhava eleições na porrada, no cacete. Certa vez, numa assembléia de estudantes, tendo eu 22 anos, na Escola Nacional de Engenharia, fui atacado pelas costas por um dos "seus" amigos comunistas, filho de um juiz comunista (mais tarde aposentado pelos "ditadores". Este "camarada", num ato de grande bravura quebrou uma cadeira da escola na minha cabeça e fui acordar 2 dias depois num hospital. Numa das vezes em que fui seqüestrado, um dos "seus" simpáticos e gentis comunistas esclareceu que eu precisava ser eliminado porque defendia a Juventude Universitária Católica (à qual nunca fui filiado!) E, além do mais, era representante da burguesia porque às vezes ia à escola dirigindo um Ford 1938.

Eu fico imaginando agora ao reler pela décima vez o seu artigo infeliz o que aconteceria se eu lhe mostrasse 10 fotos de carros com mais idade do que eu tinha na época (eu tinha 22 anos). Acho que a sra. seria incapaz de saber qual era o Ford 38, algo assim como se hoje a sra. Fosse julgada rica por andar numa Brasília amarela. Aliás, também acho que a sra. nem seria capaz de dizer um único acontecimento de valor que se tenha passado no ano de 1938 além da fabricação daquele automóvel, porque, no esforço de guardar o nome e a cara de tantos "ditadores" e de considerar como "seus", incontáveis amigos e camaradas comunistas, tempo nem espaço no cérebro há de ter sobrado para humanidades. Ah, dirá a sra., então o senhor é contra os comunistas? Desculpe a franqueza, estou cagando para os seus comunistas, d.Miriam, exceto pelo fato que foram eles, os "seus" amigos, aqueles que a sra. não quer colocar entre os "ditadores" antigos ou atuais, os que me seqüestraram duas vezes, que me espancaram, que quebraram a minha cabeça, que me impediram de ir e vir, que me obrigaram com um revólver no ouvido a abandonar o curso de engenharia, que impediram a minha transferência para outra faculdade coagindo o diretor, frágil e pusilânime, com o argumento que eu não demonstrava firmeza ideológica (marxista, é óbvio) e não poderia me misturar aos que já lá estavam. E foram estes que forjaram contra mim um acontecimento do qual escapei por pouco. E foram também estes "seus" amigos que perseguiram o veículo do Ministério da Agricultura em que eu e mais 3 pessoas íamos de Patos de Minas a Belo Horizonte, atirando sem parar, como no faroeste, até que nós fôssemos parar na grota de um barranco, todos quebrados. Os "seus" amigos achavam que éramos amigos dos "ditadores", aqueles antigos a que a sra.se refere. Jamais alguém acenou em abrir um processo para me dar uma indenização, nada, como aconteceu com um monte de jornalistas, "seus" amigos, que falsificaram papéis para se darem conta de perseguidos políticos que jamais foram.

Estes são os "seus" amigos e o que eles me fizeram. Seria fácil para mim baixar o nível desta carta para o nível do xingamento, o mesmo que a sua falta de juízo chegou. O que poderia ganhar ao devolver-lhe as ofensas que dirigiu explicitamente a tanta gente? Quais fossem as virtudes ou defeitos da sua mãe, não seria justo envolver a memória dela nas mesquinharias que são apenas suas, insignificantemente suas.

Ontem, em frente à minha casa, 5 crianças de uns 6 anos apedrejavam carros. Isto faz parte do terror a que a sra. se reporta. Mas a sua ignorância não vê o que eu vejo todos os fins de semana: a gente pobre da favela levar quilos e quilos de pó e maconha para consumir nos bailes próximos, nas biroscas que me cercam. Que história é esta de que os ricos e a classe média é que estão mantendo o tráfico? Passe uma semana na porta da minha casa para ver se não muda de opinião. Quando perguntamos sobre o assunto, o pobre coitado diz que o pó é a alegria que lhe resta e que pode pagar. Mas os jornalistazinhos descerebrados, moradores de condomínio na Barra da Tijuca, preferem falar do que não sabem, do que não vivem e de assuntos para os quais também não foram eleitos.

A sra. já está bem crescida para saber a diferença que há entre uma opinião e uma ofensa. Não tenho que lhe ensinar isto. Esta absurda sensação de D.Quixote não me sacia o desejo de encher a sua cara de tapas, virtuais, naturalmente. Mas... se algum dos "seus" amigos quiser fazer comigo hoje alguma "gracinha" do tipo das que fizeram no passado, saiba que vou reagir, duplamente, pelo agravo de hoje e pelo de antes.

Finalizando, para que os meus interlocutores não fiquem frustrados, anexo um pequeno apanhado de atos praticados pelos "seus" amigos, atos de barbarismo, insanidade e ferocidade que, no passado, ensejaram reações irracionais de algumas pessoas igualmente degeneradas, Hoje em dia a sra. não saberia dizer quem começou e quando a guerra entre árabes e judeus. Espero que a sra. e os "seus" amigos não tomem a decisão de reviver no Brasil um conflito que aqui se passou nos anos 60 e deixou para trás a permanente idéia de volta a uma origem que se confunde com outra, com outra, com outra, um eterno círculo vicioso.

Lauro Henrique Alves Pinto

2 - Paneco gravada:

Sr. Lauro
Que o governo militar torturou e matou é História do Brasil. Não é opinião minha. A democracia é feita para conviver com a divergência de opinião. Por isto respeito a sua ainda que discorde inteiramente. Lutei pela democracia e por isto a considero uma preciosidade a ser preservada para que jamais o Brasil regrida ao tempo terrível em que Vladimir Herzog foi torturado e morto pelo regime militar. Miriam

-----Mensagem original-----

De: L'Art [mailto:lart@cdclassic.com.br]
Enviada em: segunda-feira, 17 de junho de 2002 14:22
Para: Paneco
Assunto: Quem diz o que vai na cabeça deve preparar-se para levar o troco 17 de junho de 2002 Dona Míriam, Em primeiro lugar quero lhe dizer que enviarei cópia desta carta às 26.634 pessoas que fazem parte das minhas listas, com a recomendação para que difundam. No dia 11 de junho de 2002 a sra. teve a audácia de mandar à publicação um artigo em que começa dizendo, a propósito da emoção que lhe causou a morte do jornalista Tim Lopes: "Houve um tempo terrível em que um dos nossos, Vladimir Herzog, foi julgado, torturado e morto pelos ditadores. Agora, Tim é julgado, torturado e morto pelos novos ditadores." E mais adiante a sra, se queixa da perda de território "para outras autoridades não eleitas". Em primeiro lugar eu e milhares de pessoas nos sentimos profundamente ofendidos por causa da sua afirmação leviana. Há quase meio século atrás, Herzog não foi nem julgado nem torturado nem morto por ditador algum. Nenhum dos militares a quem foram atribuídos postos de comando em qualquer parcela do Poder nacional, a partir da revolução de 64, fez qualquer coisa que se parecesse com isto e esta afirmação é uma infâmia.
............................etc.................
Lauro Henrique Alves Pinto
Rio de Janeiro
R.Alzira Valdetaro, 183
20950-070
Anexo:
"JUSTIÇA SUMÁRIA

3 - Carta (réplica) ao e-mail resposta da jornalista

A carta que ontem remeti a Miriam Leitão foi por ela respondida hoje (veja acima).
Acabo de reponder na forma que se segue.
Agradeço, coletivamente, as mensagens de apoio. Mais para a frente, farei uma coletânea delas portanto, apesar dos apelos do meu provedor, podem continuar a se manifestar, contra ou a favor.
Ah, a propósito, não sou candidato a nada.
Lauro Henrique

Senhora Míriam,
A senhora tem uma opinião que é compartilhada por muita gente, muitos o fazem até com boa fé, o que não deve ser o seu caso porque a sra. insiste em afirmar um fato que além de calunioso é gratuitamente ofensivo. A sua má fé está na circunstância de que, da sua posição olímpica de jornalista, pode mentir à vontade que não será preciso provar coisa alguma, a sua palavra é suficiente porque deve ter sido ungida pelos deuses, a sua sentença é definitiva (como a do facínora Maluco, que agora - e só agora - a incomoda porque atacou um amigo seu) e é executável de imediato, sem recurso porque esta é a "democracia" que lhe foi injetada no cérebro, como um LSD, que impede qualquer exercício de crítica.

E, ainda que a sra. procure ocultar o seu ódio autoritário sob uma camuflagem sofística, apelando à famosa frase de Monsieur François Marie Arouet, que os menos ignorantes sabem tratar-se de Voltaire, um dos maiores pensadores de França, ídolo da burguesia liberal e anticlerical no século XVIII ("Não concordo com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las"), isto não é suficiente para livrar os indefesos leitores da ausência de debate sério, porque as suas conclusões, terminais e definitivas, são apenas farsas megáricas. São cópias fotostáticas de textos discricionários que devem ser repetidos ad nauseam até que, por excesso de exposição, tornem-se aceitos como verdades, mesmo sem serem, pelo uso de algumas das técnicas da Dialética Erística que tão bem Arthur Schopenhauer descreveu em seus últimos escritos, a técnica de debater controvérsias, na qual o objetivo final é o ganhar a disputa a qualquer preço e sem nenhuma preocupação com a verdade, com o uso sutil da argumentação caluniosa e dos truques e estratagemas que constroem a pseudo erudição atribuída aos charlatães e outros "cientistas sociais". É o seu caso.

O seu discurso, nas 7 linhas abaixo, como no artigo ofensivo, contém mais informações sobre a sua falta de caráter intelectual, do que quaisquer das outras pequenas coisas juvenis que a tenham tornado uma delinqüente política em Vitória.

Para terminar, ficamos então combinados. Pela sua definição, democracia é o regime em que a sra. pode xingar a minha mãe (tendo ou não razão), pode dizer o que devo fazer e pode decidir que qualquer pessoa é responsável por qualquer ato (mesmo que não seja, isto é detalhe anti-democrático) porque a SUA democracia é aquela que fazia a diferença entre O Globo e a Última Hora de Samuel Wainer, nos anos 50/60:

"Liberdade de Imprensa é o seguinte:

Em O Globo, o jornalista pode escrever o que quiser ... desde que não pense!

Na Última Hora, o jornalista pode pensar o que quiser ... desde que não escreva!"

E hoje, nós acrescentaríamos; "E vice-versa".

Lauro Henrique

PS: Fiz o que não devia; divulguei o meu protesto além da conta. Recebi até agora umas 600 cartas em resposta, para desespero do meu provedor. Para que a sra. não fique muito chocada com o teor de uma boa parte delas, que estão sendo retransmitidas pela web, vou fazer o favor de lhe poupar este sacrifício, até mesmo porque devo preservar a identidade deles.
LH

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